domingo, 20 de fevereiro de 2011

Guy... Um discreto Bistrô na Fonte da Saudade

Mais uma noite de sábado, e aquela dúvida cruel sobre qual restaurante escolher para jantar me invade a mente.
Aproveitando a dica da Luciana Fróes, resolvemos visitar o Guy Bistrô lá na Fonte da Saudade, pois desde a sua abertura há 2 anos atrás mantemos muita vontade de conhecê-lo, como da mesma forma, encontrar-nos com sua renomada Chef Elba Ximenez.
Quem passa por este pacato local nem percebe que ali, numa mera esquina, está o Guy Bistrô.
Além da culinária honesta, ainda conta com uma excelente delicatessen  no andar térreo, que incluiu a venda de variados pães artesanais que nada deixa a desejar aos points badalados da cidade, como o Celeiro e o Garcia & Rodrigues.
Assim, juntando a fome com a vontade de conhecer (risos), já ao som do CD da Edith Piaf tocando no carro, para entrarmos no clima, chegamos ao Guy, o qual somente conseguimos idenficar graças ao enorme ombrelone doValet Parking do seu vizinho.
Como já estava um pouco tarde, deixamos a visita mais apurada da delicatessen para uma outra vez, e subimos ao segundo andar onde fica o restaurante.
Fomos muito bem recebidos por um garçon, já que na inexistência de um maître, é ele que orienta os clientes sobre o menu, isto, caso a própria Chef não venha anotar o pedido.
No nosso caso, como objetivávamos conhecer a famosa Chef Elba, resolvemos esperar pela presença da mesma, até porque queríamos a sua aprovação para a combinação que estávamos fazendo, a fim de compormos um pequeno menu degustação.
Eis que de repente surge a Chef, com seu sorriso e simpatia ímpares, naquele ritmo apressado de quem tem muito trabalho para fazer, aprova e anota nosso  pedido, pede licença para voltar à cozinha, mas prometendo voltar para conversarmos um pouco mais, tudo isto no mais puro estilo mineiro (risos).
Ficamos então desfrutando do couvert que era composto por azeitonas marinadas, um queijo do tipo Boursin feito com o leite de cabra, caldinho de batata doce com raspas de Grana Padano, geléia de pimentão vermelho, e uma cesta de pães variados todos feitos na casa.
Tudo impecável, de excelente qualidade, com diferentes sabores, e que serviu realmente para abrir nosso apetite.
Faremos uma resalva sobre a falta da faquinha de apoio, para  que pudéssemos nos servir com mais comodidade do couvert, pois, para tanto, tivemos que usar a faca da mise-en-place, maior e mais pesada, o que efetivamente não foi confortável.
Antes do início do jantar, pedimos um vinho branco Vernaccia di San Gimignano, da Toscana, e que por ser um vinho seco, com aromas florais e ligeiramente frutado, de sabor penetrante, veio bem a calhar com os nossos pedidos, ainda mais depois que gelou até sua temperatura ideal.
Nosso primeiro prato foi um Chiffonade de Salmão Marinado, com manga verde, gengibre, capim-limão e um molho cítrico que era servido separadamente num mini-recipiente.
O salmão, ao invés de ser marinado era defumado, e a Chef nos explicou que a maioria dos clientes apreciava mais esta forma, porém, na minha opinião, eu teria gostado muito mais se tivesse sido realmente utilizado o salmão marinado, pois estaria mais coerente com os seus coadjuvantes na composição do prato.
Apenas como ilustração, Chiffonade é na realidade, uma forma de corte, face a  isso é que o salmão veio servido cortado em pequenas tiras alongadas, mas, estes novos tipos de louça utilizados para servirem a comida, com seus formatos variando de um retângulo a um quadrado, de um cone a uma elipse, todos brancos, enfim, além de não serem elegantes, na minha humilde opinião só atrapalham as pessoas na hora de comer.
Voltando ao salmão, gostaria de acrescentar que se este estivesse um pouco mais gelado, eu o teria desfrutado com maior prazer, e se fosse marinado, aí sim, o prato ficaria muito mais saboroso.
Logo em seguida, sem aquele tempinho para jogar conversa fora, chegou o segundo prato que era um Risotto denominado Marcelo Faustini (homenagem ao ex-paquito da Xuxa?) composto por champignons selvagens, queijo brie, e um espetinho contendo figo seco e vieiras, e que estava muito saboroso, bem quente, porém, um pouco mais cozido do que deveria ser, e servido mais úmido do que eu esperava, até porque ponto de rizotto é ponto de rizotto, independentemente para quem ele será servido.
Mesmo assim, a qualidade dos produtos e sua quantidade generosa, além do excelente sabor, fez com que estes detalhes perdessem momentâneamente a sua importância, fazendo com que desfrutássemos dele,  mesmo fora dos padrões do tradicional prato da Lombardia, no norte da Itália.
A louça, mais uma vez, na minha forma de ver, atrapalhou o conforto que se deve ter para comer, e estou seguro de que um simples prato fundo teria alcançado maior êxito.
Novamente nos serviram o terceiro prato sem que houvesse um pequeno intervalo, sendo que agora era a vez de um Arroz Vermelho Imperial, com pedaços de camarão, com um molho feito à base de Mirtilo, que em inglês seria Blueberry, e ainda camarões VG empanados.
Uma observação: A framboesa, por sua semelhança com o mirtilo, nos fez entrar numa guerra terrível contra a memória, na qual fomos derrotados naquele momento, porém, hoje, com a ajuda do Google, conseguimos reviver neste campo de batalha, e "lembrar" que seu nome em Inglês é Raspberry.
Deveríamos continuar para o quarto prato se não fosse meu companheiro de mesa informar que estava impossibilitado de prosseguir, porém, pelo menos, já sei o que pedir da próxima vez que eu retornar ao Guy, e que com certeza será em breve.
A última parte do nosso jantar foi uma sobremesa muito gostosa, onde um  Harumaki (rolinho) é servido com ovos moles, calda de caramelo, sorvete de canela e um crocante que nos pareceu ser feito à base de amêndoas raladas, sobre o qual fiquei imaginando, nas minhas viagens de gourmet, que talvez fosse uma grande idéia se este fosse trocado por uma deliciosa paçoca, que seria algo mais diferente (hummmm!)
Tomamos dois cafés e pedimos a conta, satisfeitos por termos ido a um lugar singelo, mas onde se prima pela elaboração de uma boa comida, com bom custo x benefíco, que tem alguns pontos ainda para serem ajustados, principalmente à nível de serviço e suas derivações, mas, que tem à frente uma Elba Ximenez encantadora e super feliz por ver seu trabalho reconhecido e apreciado.
Com certeza vale a pena ir visitar o local, papear com a Chef, curtir seu sotaque mineirinho de 3 Pontas, e se deliciar com tudo de bom que o Guy Bistrô pode oferecer.
Na próxima edição dos prêmios de gastronomia aqui do Rio, seguramente,  um nome que não poderá faltar, de jeito algum, é o da Chef Elba Ximenez!
Parabéns!
Jacques .'.

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