terça-feira, 18 de junho de 2019

PIZZARIA CAMELO, SÃO PAULO CONQUISTA O RIO DE JANEIRO

Quem se lembra da antiga casa da Avenida Henrique Dumont, em Ipanema, onde já esteve no passado o Gula-Gula?

Então, quem chegou ali, estabelecendo-se estrategicamente, foi a excelente Pizzaria Camelo, paulista de origem e agora carioca de coração.

Muito bem administrada pelos membros de uma família com tradição de muitos anos no ramo, a pizzaria tem ambiente interno, externo e ainda oferece um segundo andar que pode ser usado para festas de confraternização, como aniversários, contando com uma decoração especial que nos dá a sensação de estarmos em outro país.

O jovem Caio, que trocou a profissão de engenheiro para ser um restaurateur, tem um carisma especial com o qual conquista facilmente a admiração dos clientes.

Na gerência, está o Tony, sempre muito gentil e dedicado à satisfação dos clientes.

Quem pensa que a casa (ou melhor, o casarão) só serve pizza, está enganado.

Eles têm inúmeras entradas que são imperdíveis, como os bolinhos de bacalhau e os dadinhos de tapioca, entre outros.

Oferecem deliciosos pratos de massa, muitas delas artesanais, e molhos preparados com os melhores insumos do mercado, sempre frescos e de qualidade.

As pizzas.....bem....é melhor ir conferir o menu visitando o local, pois são tantas as opções que não caberia aqui explicar a composição das mesmas, porém, uma em especial me cativou, a ROMANA, que leva muçarela molho de tomate, tomate em rodelas, e, sobre elas, um fatia de aliche perfeito, saboroso e sem ser salgado.

Ahhh,,,,quem gosta de vinho encontra ali uma linda adega com rótulos de qualidade, sendo que os preços são bastante convidativos.

Claro que não poderia terminar esta pequena resenha sem informar que o forno é à lenha, e a equipe é extremamente bem treinada para que ninguém receba a pizza fria.

Tudo na Pizzaria Camelo funciona como um reloginho Suíço, desde a chegada do cliente que é recepcionado por lindas jovens com um sorriso de boas-vindas, até os garçons que não deixam ninguém ficar de prato vazio, sempre atentos ao serviço e à satisfação do cliente,

Como é bom ver que existem bons profissionais no nosso ramo de gastronomia, principalmente quando estão preocupados com o atendimento, com a qualidade, com a fidelização de clientes, etc.

Quem vai uma vez na Pizzaria Camelo, certamente, voltará muitas vezes mais, portanto, confira as informações do meu post onde pretendo dar aos meu leitores as dicas de onde comer bem na cidade maravilhosa, que agora tem um pouquinho de São Paulo em Ipanema.


quinta-feira, 29 de maio de 2014

Voe com a Borboleta - Surpresa agradável oriunda de Bariloche

Após muito tempo sem entrar no meu blog, hoje resolvi aparecer para ver o que estava acontecendo por aqui.

Grande surpresa!!

Este espaço foi visitado por mais de 7.186 pessoas!!!

Obtive vários comentários sobre os meus posts, muitos deles anônimos (que pena), mas, tudo bem, estou feliz por este fato, até porque deixei as postagens meio que em compasso de espera.

Peço para aqueles que lerem meus comentários, mesmo que não deixem nome, para que digam se gostaram do que leram, e que critiquem se acharem que vale a pena.

Prometo que lerei tudo e que levarei em altíssima consideração tudo aquilo que me for dito.

Quero agradecer de coração a todos estes leitores que vieram conhecer um pouco das minhas opiniões sobre os temas que mais amo, como a Gastronomia, o Turismo e Cultura em geral.

Estou decidido a voltar a escrever, até porque me surpreende sempre a quantidade de e-mails que recebo com este tipo de solicitação.

Como sempre, irei ilustrar minhas postagens com fotos e, na medida do possível, orientarei meus leitores para que provem aquilo que eu considerei como sendo muito bom.

Um dos lugares no qual estive atualmente, e que recomendo com muita ênfase, chama-se Restaurante Butterfly, localizado em Bariloche, na Argentina.

Imaginem um pequeno lugar, com apenas 6 mesas, bem às margens do lago Nahuel Huapi, e onde os donos são o Chef e a sua esposa, e que tem a filha e uma amiga como as garçonetes.

Para mim, este lugar está no topo da minha lista  de gastronomia de Autor, junto com o Restaurante Rafael, da cidade de Lima, Peru, e considero o mesmo como sendo um dos poucos lugares que consegue oferecer um supremo requinte de paladar e aromas.

Não existe um menu convencional, ou seja, todos as semanas entra em vigor um menu degustação de 7 tempos, que podem ou não serem acompanhados de vinhos e espumantes excelentes, e que custa apenas  $420 pesos argentinos (sem o vinho) o que equivaleria a USD 42,00 por pessoa, sem o serviço, que é opcional.

O Chef utiliza de especiarias como as Morillas, que são cogumelos especiais da região, super saborosos, e que custam quase 1000 euros o kilo, e praticamente tudo é exportado para a Europa.

Igualmente não deixa de oferecer sempre um prato com foie gras, outro com uma redução de chocolate branco, azeites perfumados, trufas, camarão, flores comestíveis, etc, tudo de altíssima qualidade e que ficarão na nossa memória por toda a vida.

Abaixo, apresento a foto da sequência de todos os pratos que desfrutamos, para que possam ser apreciados na sua essência da criação, e que incluiu ainda Salmão do Pacífico e Cordeiro Patagônico.





Aqui estou eu na entrada do Restaurante (um frio imenso), em companhia de Denilson Almeida, do Chef Andrés e da sua simpática esposa Carolina.



PS: Indo a Bariloche, não deixe de visitar o Restaurante Butterfly, pois seria como ir ao Vaticano e não ver o Papa.


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Don Camillo...Alegria Italiana em Copacabana

Hoje em dia é muito difícil entrar em um restaurante que nos ofereça boa comida, bom serviço e, sobretudo, música ao vivo!

Sem ser luxuoso, e ao mesmo tempo sem ser despojado, o Restaurante Don Camilo que está localizado na Avenida Atlântica, quase esquina com a Rua Bolivar, é um local requintado e um
bom exemplo do que foi citado acima.


Seguindo uma linha de comprometimento com a qualidade da comida e com o serviço, o restaurante serve tanto numa área interna com ar condicionado, como em outra que fica no calçadão, porém, sem que haja diferença entre o oferecido em um espaço ou no outro.

Vou frequentemente ao Don Camillo, e não me canso, já que o alto astral da casa e de todos aqueles que trabalham ali é extremamente contagiante, e isto se reflete no fato da casa estar lotada todos os dias, tanto no almoço quanto no jantar.

O cardápio é bem elaborado, com muitas opções, e irei descrever algumas delas:

O couvert é composto por azeitonas pretas à Calabresa (marinadas), cesta de pães variados, manteiga, Sardela (pasta com tomate e sardinha) e pasta de Manjericão.

Dentre as entradas, sugerimos os excelentes mexilhões graúdos refogados com vinho branco, alho e pimenta ou o carpaccio de carne com rúcula e lascas de Grana Padano, ou ainda a Foccacia Completa, que vem com Bufalina (muzzarela de búfala grande) e presunto de Parma.

Para os pratos de massa existe uma gama imensa de opções, mas, citarei aquelas que mais fazem o meu gosto, como é o caso do Spaghetti alle Vongole, fresquíssimos, sempre, e com um aroma maravilhoso. 
Temos também o Spaghetti Don Camillo, com molho de tomate, alho, azeite, camarões, e leve toque de pimentões vermelho e verde. 
Outro prato imperdível é o Tagliatelle al Nero di Sépia, onde a massa é tingida com a tinta da lula, e vem acompanhado de um molho com camarões, bacon, ervilha e anéis de lula.

Ahhh...tutto al dente, ou seja, ponto perfeito, claro!!

Para os peixes, vamos de Pargo Assado ao Sal Grosso (totalmente coberto com sal grosso), ou o Pargo em Cartoccio que é preparado dentro de um envelope fechado de papel alumínio, com vinho branco e servido com batatas, e ainda o Robalo Don Camillo que é assado juntamente com as alcaparras, molho de tomate e champignons.

Nas opções de carnes, destaque para a Costeleta de Cordeiro e o Ossobuco de Vitelo, que acompanhados de um bom vinho, deixarão saudades nas papilas gustativas.
Finalmente, chegamos às sobremesas, e como não poderia deixar de ser, temos o tipico Tiramisu, a Pera Cardinal (cozida no vinho branco) e o excelente sorvete de Torrone.

Mas tem o lado dos profissionais que são excelentes e que fazem a diferença, portanto, não podemos deixar de mencionar aqui alguns nomes, muito embora não será possível escrever o nome de todos, portanto, nos referiremos inicialmente às gerências do Amadeu e do Alberto, ambas primorosas, sendo que o primeiro é o responsável pelo almoço e o segundo pelo jantar.

Os maitres e sommeliers Assis, Rogério, Júnior e toda a equipe de garçons e comins que trabalham como um reloginho suíço, não deixando que a comida esfrie e nem que as mesas estejam sujas no intervalo entre um prato e outro.

Agora, sem dúvida alguma, temos que parabenizar e aplaudir enfaticamente ao trio de músicos da casa comandados pelo Maestro Salvatore Vommaro, um italiano de Salerno, que com seu acordeon brinda os clientes com lindas canções napolitanas e internacionais, todos os dias da semana, completando a festa.



Por tudo isto que é oferecido no Don Camillo, alguns deverão estar pensando que deve ser um lugar caro, não é mesmo?
 
Mas estão equivocados, pois é justamente aí que está a magia encantadora do Don Camillo, já que conseguem servir com qualidade, requinte e variedade sem que o preço seja incompatível com realidade do nosso país.

Somente aqueles que provarem do sabor de tudo que é servido neste restaurante, e desfrutarem da alegria da música, e do serviço profissional do staff, entenderá o por que da minha euforia e do meu entusiamo por este lugar.

Bravo à tutti!









terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Atendendo à pedidos

Prezados Leitores,

Estou muito feliz em sentir novamente uma grande vontade de escrever no meu blog, após os pedidos das inúmeras pessoas que me seguiam e que apreciavam o teor dos meus posts.

Nunca pretendi falar mal ou mentir nas minhas publicações, já que o meu intuito sempre foi o de passar as minhas verdadeiras emoções para aqueles leitores que tomavam por base as informações que eu postava, já que elas não tinham por detrás, o interesse de ter que agradar ou desagradar alguem.

Hoje vejo que muitas das personalidades a quem critiquei aqui no Café e a Conta, não se importaram nem um pouco em considerar as informações que eu lhes estava dando, sinalizando para problemas que poderiam ser solucionados facilmente, se fosse o desejo dos mesmo.

Alguns comentários eu não permiti que fossem publicados, pois continham ofensas com palavrões e, o mais triste de tudo, sempre no anonimato, o que considero a maior das covardias.

Assim sendo, como tenho este instrumento que foi visitado por quase 5000 pessoas, pude ver que ele deve continuar vivo e expressando meus sentimentos e vivências, dando à todas as pessoas o direito de aceitá-las ou não, ou mesmo de comentá-las sem agressões de caráter moral.

Como profissional que sou dos segmentos de Hotelaria, Gastronomia e Turismo, considero-me capacitado para poder escrever sobre estes temas, e como apreciador de arte, apresentar minhas opiniões sobre filmes, ballets, óperas, etc.

Esperem para breve novas postagens, com fotos, para que este blog continue vivo e servindo ao propósito da sua criação.

Obrigado a todos pelo incentivo e a demonstração de carinho

Jacques .'.



quarta-feira, 18 de maio de 2011

Lucia de Lammermmoor (Donizetti) - Récita de 15/05/2011

Comentar sobre uma ópera é algo muito difícil e ao mesmo tempo sutil.
Não sou um crítico musical, portanto, as ferramentas que possuo para poder escrever sobre uma apresentação operística, são aquelas que obtive através da audição de diferente obras nos mais afamados teatros do mundo, e  ainda o meu bom acervo de discos, cd's e dvd's.
Meus conhecimentos de música são oriundos dos estudos de piano, por muitos anos, e que me proporcionaram uma grande sensibilidade para ouvir os sons, mesmo que isto implique muitas vezes em erros de avaliação.
Sem dúvida que para se assistir uma ópera e poder desfrutar de todos os seus grandes momentos, devemos inicialmente conhecer a história que será cantada, suas principais árias, assim como a qualificação vocal de cada cantor.
Então, para ilustrar a história desta linda ópera, iniciamos nossa narrativa dizendo que se trata de um drama acontecido na Escócia, muito parecido com a trama de Romeu e Julieta, pois apresenta o amor proibido entre dois jovens de famílias rivais, e que envolvia Lucia Ashton de Lammermoor e Edgardo Ravenswood.
Edgardo era o único sobrevivente da família dos Ravenswood, cujo pai fora morto por Enrico, irmão de Lucia, que também se aposara de todo o seu patrimônio.
Após a recente morte da mãe, cuja dor ela ainda sentia, Lucia fora caminhar pelos campos e quase era atacada por um touro, tendo sido salva pelo tiro certeiro de Edgardo, por quem se apaixonou.
A situação financeira dos Ashtons era muito ruím, e Enrico havia decidido que Lucia poderia salvá-los da penúria, casando-se com Arturo Buklaw, fato este totalmente inaceitável por ela.
O amor proibido dos dois acaba sendo descoberto, tomando de fúria o perverso Enrico, que proclama a morte de Edgardo como sendo a única coisa capaz de abrandar a sua ira.
Sabedora do risco que seu amado corria, Lucia, em companhia de sua confidente Alisa, espera por ele perto de uma fonte no jardim do castelo, a fim de poder alertá-lo.
Diante da demora da chegada de Edgardo, Lucia senta-se perto da fonte e comenta com Alisa que um Ravenswood enfurecido apunhalara sua amada naquele local, e que esta caíra ali dentro, sendo que o fatasma da jovem já lhe aparecera por várias vezes.
Alisa, horrorizada com o que ouvira, e prevendo um futuro doloroso para Lucia, tenta demovê-la daquele encontro e também da sua paixão por Edgardo, porém, inutilmente.
Eis que subitamente chega Edgardo e informa a Lucia que está partindo para a França, no rair do sol, mas, que pretende reconciliar-se com Enrico antes de viajar, esperando que agindo desta forma possa pedir a mão de Lucia em casamento.
Assustada, Lucia suplica a Edgardo que esqueça esta idéia, mantendo segredo sobre o romance dos dois, e que jurassem amor eterno um ao outro, tendo ao céu  como testemunha, trocando anéis de noivado, e a promessa de que ela seria sua esposa e ele seu esposo.
FIM DO 1º ATO

O 2º ato começa com a chegada de Normanno, chefe dos escudeiros dos Ashtons, avisando à Enrico que conseguira interceptar as cartas de amor que Edgardo escrevera da França para Lucia.
Enrico, para forçar Lucia a casar-se com Arturo, seu salvador financeiro, cria uma carta falsa onde constava que Edgardo teria encontrado um outro amor, e fazendo crer à Lucia que este a havia esquecido.
Aproveitando-se então da falsa missiva, ele chama Lucia e faz com que ela leia o conteúdo da mesma, o que lhe provoca um enorme choque emocional, sendo que Enrico aproveita deste momento de fraqueza da irmã para forçá-la a aceitar casar-se com Arturo, ato este que o salvaria de um futuro tenebroso.
Lucia tenta em vão mostrar ao irmão que se compromotera com outro homem, que havia trocado anéis de compromisso com o mesmo, e que lhe havia jurado amor eterno, mas, insensível, Enrico diz que ele seria executado se ela se negasse a casar-se com Arturo, o que acabou por provocar em Lucia,  mais aflição e sentimentos de culpa.
Abalada, Lucia recebe a visita do Capelão Raimondo, seu tutor, que comenta ser verdadeira a notícia de que Edgardo a abondonara, haja vista que nenhuma carta dele havia chegado até ela.
Este argumento acaba por convencê-la da perda do amado e, assim, sentindo-se confusa e pressionada, cede às intenções de Enrico e aceita se casar com Arturo.
A cena seguinte, mostra o salão do Castelo dos Ravenswood que começava a receber os convidados de Arturo e Enrico, comendo e bebendo fartamente, até que chega Lucia, vestida de noiva, toda de branco, porém, triste e chorosa, fazendo com que seu irmão justificasse à Arturo de que tal ato estaria ligado ainda ao sofrimento dela pela morte da mãe.
Sem ter alternativa, Lucia é obrigada a assinar o contrato matrimonial e, quando menos se esperava, eis que surge Edgardo, que se depara com aquela cena estranha, sem entender o que realmente estava acontecendo.
Intrigado, e sendo ameaçado de morte pelos escudeiros, Edgardo inquere Lucia sobre o que estaria ocorrendo, e ao ver o contrato do casamento dela com Arturo, pede que Lucia confesse se a letra daquela assinatura é dela mesmo, o que ela acaba confessando ser.
Edgardo, enraivecido, diz que fora traído por quem ele sempre amara, e antes de retirar-se, atira o anel de compromisso sobre Lucia, que a cada uma das emoções penosas que iam sendo vivenciadas, perdia gradativamente a sua sanidade mental.
Os convidados continuavam dançando e comemorando as bodas, quando repentinamnete chega Raimondo e pede a todos que parem com aquela alegria, pois uma tragédia havia se abatido sobre eles, e conta que escutara um grito de dor profundo, e ao procurar saber de onde provinha aquele som, deparou-se horrorizado com Arturo caído no chão, ensanguentado, morto à punhaladas por Lucia.
Sem saber da ocorrência deste fato, Enrico vai ao encontro de Edgardo para tomar satisfação sobre a atitude dele em aparecer no castelo, causando constrangimento ao seus convidados, informando ainda ao rival, que naquele momento Lucia estaria no leito nupcial com seu esposo, o que detonara uma raiva enorme em Edgardo, e ambos decidem marcar um duelo, ao nascer do sol, no local onde se encontravam os túmulos da família Ravenswood.
No castelo, para surpresa dos convidados, aparece Lucia descendo a escadaria em direção ao salão, com seu vestido de noiva todo manchado de sangue, notadamente louca, e nos seus delírios relembra os encontros com Edgardo, as visões do fantasma da fonte, a cerimônia de casamento que teria com seu amado, e face às fortes emoções destas lembranças, acaba por cair desmaiada, causando a consternação dos presentes e o remorso do irmão.
No cemitério, a espera de que Enrico chegasse para o duelo, Edgardo decide deixar-se matar pelo inimigo, pois sua vida sem Lucia seria insuportável, sendo que neste momento, interrompendo seus pensamentos, aparece ali um grupo de convidados que havia deixado o castelo, e que lhe trazem a funesta notícia que Lucia está morrendo e que clama por ele.
Quando Edgardo decide ir vê-la, entende que os sinos tocavam anunciando a morte de Lucia, o que lhe é confirmado por Raimondo, e num ato de desepero, sem que ninguem pudesse impedir, puxa de um punhal, e invocando o nome de sua amada, se fere e morre.
Após a leitura da história, podemos então fazer agora uma avaliação das atuações dos personagens.
Paula Almenares, no papel de Lucia, esteve bem no 1º ato, porém, em alguns momentos, face a incerteza dos seus coadjuvantes, tanto musical como cênica, acabou por pegar alguns agudos demasiadamente guturais, e finalizados de forma irregular.

PS: GOSTARIA DE AGRADECER AO LEITOR ANÔNIMO QUE ME PERMITIU CORRIGIR O TEOR DO QUE EU POSTEI ANTERIORMENTE, REFERENTE AOS AGUDOS, ONDE ESCREVI MI BEMOL, PORÉM, TRATAM-SE DE DOIS RÉS E UM DÓ, COMO PODE SER LIDO NO COMENTÁRIO DEIXADO POR ELE.

Agora, no segundo ato, onde ela se apresenta sozinha, desde a ária "Il dolce suono" até sua derradeira aparição, com a ária "Spargi d'amaro pianto", não teve para mais ninguem!
Uma perfomance impecável, uma atuação cênica perfeita, e uma apresentação digna de outras grandes rainhas deste papel como foram Renata Scotto, Maria Callas e Joan Sutherland.
Esta jovem e bela argentina arrebatou a platéia de forma tal, que as ovações não paravam, já que a sua atuação na cena da loucura havia sido de uma grandiosidade tamanha, e que nos levou às lágrimas, diante da beleza da voz, dos agudos, dos staccatos, dos trinados, dos portamentos, e das expressões faciais tão importantes neste final, onde estavam estampadas, de verdade, a imagem do terror da loucura.
O barítono Rodolfo Giugliani, no papel de Enrico, infelizemente não estava numa noite feliz, já que alem de ter desafinado algumas vezes, sua voz travava até nas notas graves, e notava-se, terrivelmente, que em determinados momentos quase perdia o andamento, como no caso do dueto com Edgardo quando eles cantam "O sole, piú ratto a sorger".
O tenor Luciano Botelho, cantando Edgardo, comportou-se direitinho, porém, seu material vocal é extremamente limitado, e isto, certamente, foi uma das aflições vividas pela Paula Almenares no primeiro ato, pois a obrigou a ter que dimensionar sua voz para que não houvesse um desequilibrio explícito entre eles.
Um tenor para poder cantar ao lado de uma diva como ela, tem que ter uma presença cênica muito boa, o que ele não tem, alem de possuir uma voz de tenor com volume, para que haja uma sobreposição ao coro e à orquestra, que nesta ópera toca muitas vezes com fortíssimos, envolvendo instrumentos de percurssão e todo o naipe dos metais.
O baixo José Gallisa, no papel de Raimondo, saiu-se razoavelmente bem, e poderia até ter ido melhor, porém, existe a problemática de saber colocar a voz para fora, principalmente nesta sua qualificação vocal, mas creio que entre todos, ele foi o que melhor fez o dever de casa.
O tenor  Ricardo Tuttmann, como Normanno, apresentou um potencial vocal de maior expressão, mas, novamente, se viu alguem que tentava empurrrar sua voz para fora de tal maneira, que parecia mais gritada do que cantada, alem de uma atuação cênica um pouco sem graça.
O tenor André Vidal, como Arturo, realmente, não disse para o que veio, e sua voz é tão diminuta que chegou ao ponto de mais parecer que fazia mímica do que estar cantando, pois não se escutava nada, e olhem, eu estava sentado bem na frente.
A mezzo-soprano Carla Odorizzi, esteve muito bem ao lado da Paula Almenares, e portou-se de forma segura, com afinação e postura cênica excelente, além de ter uma voz muito bonita, equilibrada e de timbre bem definido.
O Maestro Silvio Viegas deu um show de como conduzir uma orquestra, pois, visivelmente, regeu para os cantores, cuidando para que não houvessem danos ao espetáculo, e a orquestra sob a sua batuta rendou de forma brilhante, com uma linda dinâmica e uma afinação perfeita....Bravo Maestro!!
Agora, digno de um crítica mais severa, temos o horrível cenário que era composto por um monte de retângulos grupados como um quebra-cabeça, que além de saturar a visão dos espectadores com a aquela inércia, ainda colocava em risco a segurança dos cantores que eram obrigados a subir e descer aqueles degraus, e ainda impediam que houvesse uma melhor movimentação cênica.
A coreografia que antecedeu a cena da loucura da Lucia, estava mais para uma lambada com malabarismos, do que para o prenúncio da insanidade da protagonista, assim como os figurinos da  Claudia Kopke que eram de uma mal gosto inconteste, e que exibiam espadas com ponta quadrada, e como uma única reminiscência da Escócia, apresentava os famosos saquinhos que pendiam sobre a região genital.
Para finalizar, é com muita indignação que escrevo sobre a postura anti-ética dos músicos da orquestra que se levantaram rapidamente após o último acorde, guardaram seus pertences e foram embora, sem esperar os aplausos dirigidos ao Maestro, quando este se juntou ao elenco no palco, e que o mesmo queria compartilhar com seus comandados, a fim de repartir com eles os méritos da atuação do grupo.
Lamentável foi ver a figura patética do flautista que acompanhou a Paula Almenares na ária da loucura, e que pemaneceu ali sozinho a fim de poder receber o devido aplauso pela sua bela atuação, limitando-se a levantar seu instrumento como forma de agradecimento.
Será que a educação e o profissionalismo no Brasil não conseguirão chegar até mesmo aos eruditos?
Talvez tenha sido isto que o Minczuk se deu conta e tentou modificar quando dos episódios da OSB!
Bem...agora é torcer para que a venda dos bilhetes não se inicie a menos de 2 semanas do espetáculo, como ocorreu na Lucia de Lammermoor, pois teremos pela frente um Nabuco e uma Tosca que prometem ser bons espetáculos.







segunda-feira, 2 de maio de 2011

Le Blé Noir...A Bretagne esquecida!

Ontem a noite, mesmo sem a companhia do casal de amigos com quem saimos todos os sábados para jantar, resolvi ir conhecer a tal Creperie Le Blé Noir, em Copacabana.
Premiada, sempre cheia, fila de espera, artistas, etc, tudo isto poderia ser o indício de que teríamos ali uma boa refeição, o que infelizmente não aconteceu.
A conta, esta sim, fez juz a qualquer prêmio de indignação e sensação de ter jogado dinheiro fora, pois os preços dos crêpes ali servidos são realmente bem altos, ainda mais para uma realidade brasileira e diante do oferecimento de um serviço fraco e de uma comida sem expressão.
Meu acompanhante, sempre caladão, porém atento a tudo e a todos, e um bom gourmet, logo na entrada me comentou:
- Ei....Você consegue enxergar alguma coisa aqui dentro?
- Claro que não! Foi minha pronta resposta diante daquela escuridão total.
Era um salão pequeno, apertado, somente iluminado com a luz de cotocos de velas, e que me fez ter pensamentos terríveis no sentido de que aquilo poderia ser uma forma para, na verdade, encobrir alguma coisa que não deveria ser vista.
Afastei na mesma hora este sentimento preconceituoso, pois quaisquer conclusões só devemos tirá-las ao final, após a conta.
Decoração ou efeitos especiais são sempre bem-vindos, desde que promovam conforto para aqueles que o vão curtir, o que não acontece no Le Blé Noir.
Sentia-me muito incomodado por não conseguir definir as pessoas nas outras mesas, e mais ainda quando olhei para os guardanapos de papel e para os talheres colocados diretamente em cima da mesa, que se apresentava nua, sem uma toalha ou mesmo um mero jogo americano.
Logicamente que deverão ser vários os argumentos de desculpas para este ato um tanto quanto fora dos padrões de higiene, principalmente, por se  tratar de uma mesa bonita, com desenhos em forma de mosaico, trabalho em craquelê muito bem feito pela genitora de um dos sócios, e que certamente tem que estar aparente.
Tudo bem...concordo! As mesas têm que estar sem qualquer cobertura para que sejam vistas e apreciadas, mas, convenhamos que um belo e grande guardanapo de algodão, que envolvesse os talheres e que ficasse na lateral direita por sobre um prato pequenino, talvez compusesse a mise en place com mais elegância, mesmo sem ser da maneira ideal.
Tudo no Blé Noir faz você se sentir um ignorante em gastronomia, já que diante de qualquer comentário que se faça existem aquelas colocações ensaiadas que apontam para a sua incapacidade de julgamento dos famosos crêpes Bretões que são servidos ali,  feitos com o incomparável e legítimo trigo sarraceno.
Você não sabe o que é isto? Não posso acredidtar.
E a Bretagne, terra do Chef, no noroeste da França, sabe onde fica? Aposto que você nunca esteve lá!
Aliás, você já esteve na França?
Se você respondeu NÃO a algumas destas perguntas, coma e pronto, sem questionar!
Obvio que nada é dito desta forma, claro, mas para justificar qualquer desatenção, citam sempre a Bretagne e seus costumes como sendo exatamente o que se faz ali, então, somente quem já esteve nesta região é que poderá rebater qualquer resposta que não seja, digamos, exatamente a real expressão da verdade.
Além dos artistas e outras personalidades que frequentam o restaurante, também aparecem ali pessoas que conhecem um pouquinho deste segmento e que sabem avaliar todo o conjunto daquilo que lhes está sendo oferecido.
Este conjunto engloba de forma inconteste, fatores como o ambiente, a mise en place, o serviço, a higine do local, a carta de vinhos, o menu, os valores cobrados e, obviamente, a comida propriamente dita.
Na esperança de que teríamos uma bela refeição, comme il faut, pedimos um vinho Chateau Rocbonnière, 2008, da região de Bordeaux, que consideramos ter sido uma boa escolha.
Indo direto ao ponto nevrálgico do tema, sem mais delongas, eu e meu colega pedimos dois crêpes.
Um deles foi o Ouessant, que é considerado o carro chefe da casa, composto por figos caramelizados no vinho do Porto e baunilha, queijo de cabra Saint Maure (feito no Brasil, da maneira francesa, e de forma cilindrica), presunto cru italiano (nos disseram que era "tipo" de Parma?) e farofa de nozes.
O outro, denominado Benodet, era composto por fatias de pato defumado e champignon de Paris, numa redução de vinho do Porto, purê de maçã com um toque de baunilha e queijo Saint Paulin.
Ambos tinham como acompanhamento uma salada de folhas verdes temperada com um molho feito com mostarda Dijon, a qual pedimos que nos fosse servida como um primeiro prato, para que na chegada dos crêpes, não tivéssemos que parar de comê-los e permitir que esfriassem.
Ao recebermos a salada, servida num prato de barro (valha-me Deus!) a mesma apresentava apenas dois tipos de alface, quase cortadas à Juliana, e, pasmem, na temperatura ambiente.
Não é concebível uma coisa assim de forma alguma, portanto, chamei o gerente para questioná-lo sobre este fato.
A resposta foi de que suas hortaliças não pegavam frio de geladeira, nem ficavam em água fria, daí serem servidas nesta temperatura.
Existe algo mais sem sentido do que comer salada na temperatura ambiente?
Quando estávamos quase no final das mesmas, eis que surgem os dois crêpes, e sem que pudéssemos expressar alguma reação, retiraram nossos pratos de salada, a qual não havíamos terminado, para servirem os mesmos.
Conforme dito no começo, a escuridão não permitia que visualizássemos o que nos estava sendo servido, porém, a faca e o garfo falaram por si mesmos, e nos mostraram uma massa dura e disforme que fica longe daquela crocante que é tão original dos crêpes bretões, e servida com um excesso de queijo de cabra, um monte de presunto cru morno e figos esfacelados.
O outro prato, com o pato, estava menos ruim à nível de paladar, mas, a massa do crêpe, com certeza, era de uma total falta de critério gastronômico.
Para terminar, diante dos relatos da nossa insatisfação que foram feitos ao gerente, este nos ofereceu um crêpe de banana, preparado com uma massa normal de panqueca, flambeado no rum, e que estava um pouco enjoativo.
Talvez os comentários postados neste blog servirão para orientar melhor todos aqueles que visitarem este local, pois se nunca visitaram a França, principalmente a Bretagne, pelo menos terão dados para avaliarem com mais convicção aquilo que lhes está sendo sevido.
Ora, Monsieur Caro, para poder cobrar "caro", é preciso servir com mais qualidade, requinte, boa louça, bom serviço, boa comida, e sobretudo usar dos mesmos critérios das creperies da Bretagne onde vale o ditado: O cliente tem sempre razão.
Infelizmente, pelo que vimos, o esquema do jeitinho brasileiro prevaleceu sobre os critérios do lema "La Noblesse Oblige", do ramo da gastronomia, no que se refere à maneira de como minimizar os custos e aumentar os lucros.
Pode ser que tudo isto tenha sido o resultado da sua ausência na cozinha nesta noite, e que tenhamos tido a infelicidade de ter escolhido esta data para conhecermos a casa, com direito a penumbra e sem a presença do maestro.

domingo, 17 de abril de 2011

Coisas boas na telona...até que enfim! (PARTE B)

Quando alguem sai de casa para ir ao cinema, a expectativa é de que ao final da projeção haja uma sensação de prazer diante da arte que foi ali apresentada.

Nesta avaliação, obviamente que entram diferentes pontos de referência, como a fotografia, os costumes, o relato, os diálogos, os locais de filmagem, e, óbvio, a própria história do filme.

Ao ir assistir ao filme Incêndios, com certeza o espectador jamais imaginará que ao término da apresentação terá visto a um grande show de fortes emoções, adicionadas à situações surreais e de cenas impactantes, com suspense, terror, e ainda a uma excelente trama que deixa claro a  nossa total incapacidade de entendimento do que é viver, efetivamente, no meio de uma guerrilha num país como o Líbano.

Grande atuação de Lubna Azabal que faz o papel de Nawal Marwan, uma mulher que se apaixona por um jovem que por não ser da mesma facção religiosa da sua família, é morto por seus irmãos com um tiro na cabeça, à queima roupa, diante dela, no momento em que se encontravam para fugir.

O que o destino não revelara é que Nawal estava grávida e, soemente com a ajuda da avó foi que conseguiu concluir a gestação e dar à luz a um menino que seria tirado de perto dela logo após o parto.

A avó, numa tentativa de permitir à neta ter uma referência que pudesse identificar o menino, se o encontrasse no futuro, marca o calcanhar do garoto com uma tatuagem de 3 desenhos sobrepostos.

Sofrendo com esta situação, e nada podendo fazer diante do que lhe era imposto, Nawal é enviada à casa de um tio, onde fica morando com os membros da família até que decide sair a procura do tão amado filho, e a quem havia jurado um dia encontrar.

Assim, começa a saga da jovem que enfrentará as atrocidades de uma guerra sem sentido, movida pelas facções libanesas do lado mulçumano e do católico, passando por momentos de verdadeiro horror, como por exemplo a matança de pessoas inocentes que estavam com ela dentro de um ônibus, e que fora metralhado.

As únicas três sobreviventes desta atrocidade foram ela e uma senhora com a filha.
Ao ver que o ônibus seria incendiado, ela mostra seu crucifixo e se apresenta como cristã e tenta levar com ela a filha da tal senhora como se fosse sua, porém, a menina escapa de suas mãos e corre em direção ao ônibus em chamas, clamando pela mãe, o que faz com que um dos homens simplesmente aponte sua arma para a criança que cai fulminada pelo tiro certeiro.

Todos saem do local, menos Nawal que fica ali, ajoelhada, em estado de choque, até que consegue se recuperar e busca forças na idéia do encontro com o filho para poder seguir adiante.

Deste dia em diante sua vida vira um misto de vingança e de ódio contra todos aqueles que promoviam, tranquilamente, estas lutas desumanas e sem sentido, e para concretizar sua determinação  de poder se vingar de tudo que vivera, consegue se tornar professora de Francês do filho do homem mais poderoso de um dos lados, até que recebe uma ordem para matá-lo, oriunda do chefe do seu partido.

Ao fazer isto é imediatamente presa e enviada a uma prisão onde sofreria uma série de dolorosas torturas que, obviamente, a deixarão perturbada, mas, cantando, consegue reunir forças para suportar a dor que lhe é imposta, o que acaba por render-lhe o apelido na prisão de "A mulher que canta".

Após 16 anos de muito sofrimento, é libertada e vai para viver no Canadá, onde ficaria morando com seus dois filhos até morrer.
Esta narrativa corre paralela a outra, onde seus dois filhos gêmeos, Jeanne e Simon, são chamados ao escritório do notário Lebel, local onde Nawal trabalhara por muitos anos, a fim de que fosse lido o testamento.

Surpreendentemente, ela revela aos filhos que o pai, supostamente morto, está vivo e que eles têm um irmão, e que faz questão de que sejam ambos sejam achados e que cada um deles receba uma carta com um texto dirigido a eles, dentro de um envelope lacrado, que não deveria ser aberto de forma alguma.

Dizia aind que seu desejo seria ser enterrada de cara para baixo, nua, e que nenhuma lápide fosse colocada no local do seu sepultamento, até que seu desejo fosse concretizado, o que implicaria no empenho dos filhos para localizar ao pai e o irmão.

Jeanne, mais que Simon, toma a frente dos desejos da mãe e viaja para o Oriente Médio a fim de descobrir o que estaria por trás destes segredos somente agora revelados pela mãe falecida.
A duas histórias, seguem sendo narradas de forma paralela, e vão se unindo na emoção dos relatos e em função de cada uma das descobertas que vão sendo feitas sobre o paradeiro do pai dos gêmeos e do irmão.

Não vou contar como termina o filme, mas vou recomendar veementemente que o mesmo não seja perdido, pois, dificilmente vemos produções tão bem feitas, e que no final da projeção ninguem se move dos seus assentos meio que atordoados diante da perplexidade pelo que foi visto nas cenas mais fortes, assim como o resultado das descobertas.

Imperdível!