quarta-feira, 18 de maio de 2011

Lucia de Lammermmoor (Donizetti) - Récita de 15/05/2011

Comentar sobre uma ópera é algo muito difícil e ao mesmo tempo sutil.
Não sou um crítico musical, portanto, as ferramentas que possuo para poder escrever sobre uma apresentação operística, são aquelas que obtive através da audição de diferente obras nos mais afamados teatros do mundo, e  ainda o meu bom acervo de discos, cd's e dvd's.
Meus conhecimentos de música são oriundos dos estudos de piano, por muitos anos, e que me proporcionaram uma grande sensibilidade para ouvir os sons, mesmo que isto implique muitas vezes em erros de avaliação.
Sem dúvida que para se assistir uma ópera e poder desfrutar de todos os seus grandes momentos, devemos inicialmente conhecer a história que será cantada, suas principais árias, assim como a qualificação vocal de cada cantor.
Então, para ilustrar a história desta linda ópera, iniciamos nossa narrativa dizendo que se trata de um drama acontecido na Escócia, muito parecido com a trama de Romeu e Julieta, pois apresenta o amor proibido entre dois jovens de famílias rivais, e que envolvia Lucia Ashton de Lammermoor e Edgardo Ravenswood.
Edgardo era o único sobrevivente da família dos Ravenswood, cujo pai fora morto por Enrico, irmão de Lucia, que também se aposara de todo o seu patrimônio.
Após a recente morte da mãe, cuja dor ela ainda sentia, Lucia fora caminhar pelos campos e quase era atacada por um touro, tendo sido salva pelo tiro certeiro de Edgardo, por quem se apaixonou.
A situação financeira dos Ashtons era muito ruím, e Enrico havia decidido que Lucia poderia salvá-los da penúria, casando-se com Arturo Buklaw, fato este totalmente inaceitável por ela.
O amor proibido dos dois acaba sendo descoberto, tomando de fúria o perverso Enrico, que proclama a morte de Edgardo como sendo a única coisa capaz de abrandar a sua ira.
Sabedora do risco que seu amado corria, Lucia, em companhia de sua confidente Alisa, espera por ele perto de uma fonte no jardim do castelo, a fim de poder alertá-lo.
Diante da demora da chegada de Edgardo, Lucia senta-se perto da fonte e comenta com Alisa que um Ravenswood enfurecido apunhalara sua amada naquele local, e que esta caíra ali dentro, sendo que o fatasma da jovem já lhe aparecera por várias vezes.
Alisa, horrorizada com o que ouvira, e prevendo um futuro doloroso para Lucia, tenta demovê-la daquele encontro e também da sua paixão por Edgardo, porém, inutilmente.
Eis que subitamente chega Edgardo e informa a Lucia que está partindo para a França, no rair do sol, mas, que pretende reconciliar-se com Enrico antes de viajar, esperando que agindo desta forma possa pedir a mão de Lucia em casamento.
Assustada, Lucia suplica a Edgardo que esqueça esta idéia, mantendo segredo sobre o romance dos dois, e que jurassem amor eterno um ao outro, tendo ao céu  como testemunha, trocando anéis de noivado, e a promessa de que ela seria sua esposa e ele seu esposo.
FIM DO 1º ATO

O 2º ato começa com a chegada de Normanno, chefe dos escudeiros dos Ashtons, avisando à Enrico que conseguira interceptar as cartas de amor que Edgardo escrevera da França para Lucia.
Enrico, para forçar Lucia a casar-se com Arturo, seu salvador financeiro, cria uma carta falsa onde constava que Edgardo teria encontrado um outro amor, e fazendo crer à Lucia que este a havia esquecido.
Aproveitando-se então da falsa missiva, ele chama Lucia e faz com que ela leia o conteúdo da mesma, o que lhe provoca um enorme choque emocional, sendo que Enrico aproveita deste momento de fraqueza da irmã para forçá-la a aceitar casar-se com Arturo, ato este que o salvaria de um futuro tenebroso.
Lucia tenta em vão mostrar ao irmão que se compromotera com outro homem, que havia trocado anéis de compromisso com o mesmo, e que lhe havia jurado amor eterno, mas, insensível, Enrico diz que ele seria executado se ela se negasse a casar-se com Arturo, o que acabou por provocar em Lucia,  mais aflição e sentimentos de culpa.
Abalada, Lucia recebe a visita do Capelão Raimondo, seu tutor, que comenta ser verdadeira a notícia de que Edgardo a abondonara, haja vista que nenhuma carta dele havia chegado até ela.
Este argumento acaba por convencê-la da perda do amado e, assim, sentindo-se confusa e pressionada, cede às intenções de Enrico e aceita se casar com Arturo.
A cena seguinte, mostra o salão do Castelo dos Ravenswood que começava a receber os convidados de Arturo e Enrico, comendo e bebendo fartamente, até que chega Lucia, vestida de noiva, toda de branco, porém, triste e chorosa, fazendo com que seu irmão justificasse à Arturo de que tal ato estaria ligado ainda ao sofrimento dela pela morte da mãe.
Sem ter alternativa, Lucia é obrigada a assinar o contrato matrimonial e, quando menos se esperava, eis que surge Edgardo, que se depara com aquela cena estranha, sem entender o que realmente estava acontecendo.
Intrigado, e sendo ameaçado de morte pelos escudeiros, Edgardo inquere Lucia sobre o que estaria ocorrendo, e ao ver o contrato do casamento dela com Arturo, pede que Lucia confesse se a letra daquela assinatura é dela mesmo, o que ela acaba confessando ser.
Edgardo, enraivecido, diz que fora traído por quem ele sempre amara, e antes de retirar-se, atira o anel de compromisso sobre Lucia, que a cada uma das emoções penosas que iam sendo vivenciadas, perdia gradativamente a sua sanidade mental.
Os convidados continuavam dançando e comemorando as bodas, quando repentinamnete chega Raimondo e pede a todos que parem com aquela alegria, pois uma tragédia havia se abatido sobre eles, e conta que escutara um grito de dor profundo, e ao procurar saber de onde provinha aquele som, deparou-se horrorizado com Arturo caído no chão, ensanguentado, morto à punhaladas por Lucia.
Sem saber da ocorrência deste fato, Enrico vai ao encontro de Edgardo para tomar satisfação sobre a atitude dele em aparecer no castelo, causando constrangimento ao seus convidados, informando ainda ao rival, que naquele momento Lucia estaria no leito nupcial com seu esposo, o que detonara uma raiva enorme em Edgardo, e ambos decidem marcar um duelo, ao nascer do sol, no local onde se encontravam os túmulos da família Ravenswood.
No castelo, para surpresa dos convidados, aparece Lucia descendo a escadaria em direção ao salão, com seu vestido de noiva todo manchado de sangue, notadamente louca, e nos seus delírios relembra os encontros com Edgardo, as visões do fantasma da fonte, a cerimônia de casamento que teria com seu amado, e face às fortes emoções destas lembranças, acaba por cair desmaiada, causando a consternação dos presentes e o remorso do irmão.
No cemitério, a espera de que Enrico chegasse para o duelo, Edgardo decide deixar-se matar pelo inimigo, pois sua vida sem Lucia seria insuportável, sendo que neste momento, interrompendo seus pensamentos, aparece ali um grupo de convidados que havia deixado o castelo, e que lhe trazem a funesta notícia que Lucia está morrendo e que clama por ele.
Quando Edgardo decide ir vê-la, entende que os sinos tocavam anunciando a morte de Lucia, o que lhe é confirmado por Raimondo, e num ato de desepero, sem que ninguem pudesse impedir, puxa de um punhal, e invocando o nome de sua amada, se fere e morre.
Após a leitura da história, podemos então fazer agora uma avaliação das atuações dos personagens.
Paula Almenares, no papel de Lucia, esteve bem no 1º ato, porém, em alguns momentos, face a incerteza dos seus coadjuvantes, tanto musical como cênica, acabou por pegar alguns agudos demasiadamente guturais, e finalizados de forma irregular.

PS: GOSTARIA DE AGRADECER AO LEITOR ANÔNIMO QUE ME PERMITIU CORRIGIR O TEOR DO QUE EU POSTEI ANTERIORMENTE, REFERENTE AOS AGUDOS, ONDE ESCREVI MI BEMOL, PORÉM, TRATAM-SE DE DOIS RÉS E UM DÓ, COMO PODE SER LIDO NO COMENTÁRIO DEIXADO POR ELE.

Agora, no segundo ato, onde ela se apresenta sozinha, desde a ária "Il dolce suono" até sua derradeira aparição, com a ária "Spargi d'amaro pianto", não teve para mais ninguem!
Uma perfomance impecável, uma atuação cênica perfeita, e uma apresentação digna de outras grandes rainhas deste papel como foram Renata Scotto, Maria Callas e Joan Sutherland.
Esta jovem e bela argentina arrebatou a platéia de forma tal, que as ovações não paravam, já que a sua atuação na cena da loucura havia sido de uma grandiosidade tamanha, e que nos levou às lágrimas, diante da beleza da voz, dos agudos, dos staccatos, dos trinados, dos portamentos, e das expressões faciais tão importantes neste final, onde estavam estampadas, de verdade, a imagem do terror da loucura.
O barítono Rodolfo Giugliani, no papel de Enrico, infelizemente não estava numa noite feliz, já que alem de ter desafinado algumas vezes, sua voz travava até nas notas graves, e notava-se, terrivelmente, que em determinados momentos quase perdia o andamento, como no caso do dueto com Edgardo quando eles cantam "O sole, piú ratto a sorger".
O tenor Luciano Botelho, cantando Edgardo, comportou-se direitinho, porém, seu material vocal é extremamente limitado, e isto, certamente, foi uma das aflições vividas pela Paula Almenares no primeiro ato, pois a obrigou a ter que dimensionar sua voz para que não houvesse um desequilibrio explícito entre eles.
Um tenor para poder cantar ao lado de uma diva como ela, tem que ter uma presença cênica muito boa, o que ele não tem, alem de possuir uma voz de tenor com volume, para que haja uma sobreposição ao coro e à orquestra, que nesta ópera toca muitas vezes com fortíssimos, envolvendo instrumentos de percurssão e todo o naipe dos metais.
O baixo José Gallisa, no papel de Raimondo, saiu-se razoavelmente bem, e poderia até ter ido melhor, porém, existe a problemática de saber colocar a voz para fora, principalmente nesta sua qualificação vocal, mas creio que entre todos, ele foi o que melhor fez o dever de casa.
O tenor  Ricardo Tuttmann, como Normanno, apresentou um potencial vocal de maior expressão, mas, novamente, se viu alguem que tentava empurrrar sua voz para fora de tal maneira, que parecia mais gritada do que cantada, alem de uma atuação cênica um pouco sem graça.
O tenor André Vidal, como Arturo, realmente, não disse para o que veio, e sua voz é tão diminuta que chegou ao ponto de mais parecer que fazia mímica do que estar cantando, pois não se escutava nada, e olhem, eu estava sentado bem na frente.
A mezzo-soprano Carla Odorizzi, esteve muito bem ao lado da Paula Almenares, e portou-se de forma segura, com afinação e postura cênica excelente, além de ter uma voz muito bonita, equilibrada e de timbre bem definido.
O Maestro Silvio Viegas deu um show de como conduzir uma orquestra, pois, visivelmente, regeu para os cantores, cuidando para que não houvessem danos ao espetáculo, e a orquestra sob a sua batuta rendou de forma brilhante, com uma linda dinâmica e uma afinação perfeita....Bravo Maestro!!
Agora, digno de um crítica mais severa, temos o horrível cenário que era composto por um monte de retângulos grupados como um quebra-cabeça, que além de saturar a visão dos espectadores com a aquela inércia, ainda colocava em risco a segurança dos cantores que eram obrigados a subir e descer aqueles degraus, e ainda impediam que houvesse uma melhor movimentação cênica.
A coreografia que antecedeu a cena da loucura da Lucia, estava mais para uma lambada com malabarismos, do que para o prenúncio da insanidade da protagonista, assim como os figurinos da  Claudia Kopke que eram de uma mal gosto inconteste, e que exibiam espadas com ponta quadrada, e como uma única reminiscência da Escócia, apresentava os famosos saquinhos que pendiam sobre a região genital.
Para finalizar, é com muita indignação que escrevo sobre a postura anti-ética dos músicos da orquestra que se levantaram rapidamente após o último acorde, guardaram seus pertences e foram embora, sem esperar os aplausos dirigidos ao Maestro, quando este se juntou ao elenco no palco, e que o mesmo queria compartilhar com seus comandados, a fim de repartir com eles os méritos da atuação do grupo.
Lamentável foi ver a figura patética do flautista que acompanhou a Paula Almenares na ária da loucura, e que pemaneceu ali sozinho a fim de poder receber o devido aplauso pela sua bela atuação, limitando-se a levantar seu instrumento como forma de agradecimento.
Será que a educação e o profissionalismo no Brasil não conseguirão chegar até mesmo aos eruditos?
Talvez tenha sido isto que o Minczuk se deu conta e tentou modificar quando dos episódios da OSB!
Bem...agora é torcer para que a venda dos bilhetes não se inicie a menos de 2 semanas do espetáculo, como ocorreu na Lucia de Lammermoor, pois teremos pela frente um Nabuco e uma Tosca que prometem ser bons espetáculos.







segunda-feira, 2 de maio de 2011

Le Blé Noir...A Bretagne esquecida!

Ontem a noite, mesmo sem a companhia do casal de amigos com quem saimos todos os sábados para jantar, resolvi ir conhecer a tal Creperie Le Blé Noir, em Copacabana.
Premiada, sempre cheia, fila de espera, artistas, etc, tudo isto poderia ser o indício de que teríamos ali uma boa refeição, o que infelizmente não aconteceu.
A conta, esta sim, fez juz a qualquer prêmio de indignação e sensação de ter jogado dinheiro fora, pois os preços dos crêpes ali servidos são realmente bem altos, ainda mais para uma realidade brasileira e diante do oferecimento de um serviço fraco e de uma comida sem expressão.
Meu acompanhante, sempre caladão, porém atento a tudo e a todos, e um bom gourmet, logo na entrada me comentou:
- Ei....Você consegue enxergar alguma coisa aqui dentro?
- Claro que não! Foi minha pronta resposta diante daquela escuridão total.
Era um salão pequeno, apertado, somente iluminado com a luz de cotocos de velas, e que me fez ter pensamentos terríveis no sentido de que aquilo poderia ser uma forma para, na verdade, encobrir alguma coisa que não deveria ser vista.
Afastei na mesma hora este sentimento preconceituoso, pois quaisquer conclusões só devemos tirá-las ao final, após a conta.
Decoração ou efeitos especiais são sempre bem-vindos, desde que promovam conforto para aqueles que o vão curtir, o que não acontece no Le Blé Noir.
Sentia-me muito incomodado por não conseguir definir as pessoas nas outras mesas, e mais ainda quando olhei para os guardanapos de papel e para os talheres colocados diretamente em cima da mesa, que se apresentava nua, sem uma toalha ou mesmo um mero jogo americano.
Logicamente que deverão ser vários os argumentos de desculpas para este ato um tanto quanto fora dos padrões de higiene, principalmente, por se  tratar de uma mesa bonita, com desenhos em forma de mosaico, trabalho em craquelê muito bem feito pela genitora de um dos sócios, e que certamente tem que estar aparente.
Tudo bem...concordo! As mesas têm que estar sem qualquer cobertura para que sejam vistas e apreciadas, mas, convenhamos que um belo e grande guardanapo de algodão, que envolvesse os talheres e que ficasse na lateral direita por sobre um prato pequenino, talvez compusesse a mise en place com mais elegância, mesmo sem ser da maneira ideal.
Tudo no Blé Noir faz você se sentir um ignorante em gastronomia, já que diante de qualquer comentário que se faça existem aquelas colocações ensaiadas que apontam para a sua incapacidade de julgamento dos famosos crêpes Bretões que são servidos ali,  feitos com o incomparável e legítimo trigo sarraceno.
Você não sabe o que é isto? Não posso acredidtar.
E a Bretagne, terra do Chef, no noroeste da França, sabe onde fica? Aposto que você nunca esteve lá!
Aliás, você já esteve na França?
Se você respondeu NÃO a algumas destas perguntas, coma e pronto, sem questionar!
Obvio que nada é dito desta forma, claro, mas para justificar qualquer desatenção, citam sempre a Bretagne e seus costumes como sendo exatamente o que se faz ali, então, somente quem já esteve nesta região é que poderá rebater qualquer resposta que não seja, digamos, exatamente a real expressão da verdade.
Além dos artistas e outras personalidades que frequentam o restaurante, também aparecem ali pessoas que conhecem um pouquinho deste segmento e que sabem avaliar todo o conjunto daquilo que lhes está sendo oferecido.
Este conjunto engloba de forma inconteste, fatores como o ambiente, a mise en place, o serviço, a higine do local, a carta de vinhos, o menu, os valores cobrados e, obviamente, a comida propriamente dita.
Na esperança de que teríamos uma bela refeição, comme il faut, pedimos um vinho Chateau Rocbonnière, 2008, da região de Bordeaux, que consideramos ter sido uma boa escolha.
Indo direto ao ponto nevrálgico do tema, sem mais delongas, eu e meu colega pedimos dois crêpes.
Um deles foi o Ouessant, que é considerado o carro chefe da casa, composto por figos caramelizados no vinho do Porto e baunilha, queijo de cabra Saint Maure (feito no Brasil, da maneira francesa, e de forma cilindrica), presunto cru italiano (nos disseram que era "tipo" de Parma?) e farofa de nozes.
O outro, denominado Benodet, era composto por fatias de pato defumado e champignon de Paris, numa redução de vinho do Porto, purê de maçã com um toque de baunilha e queijo Saint Paulin.
Ambos tinham como acompanhamento uma salada de folhas verdes temperada com um molho feito com mostarda Dijon, a qual pedimos que nos fosse servida como um primeiro prato, para que na chegada dos crêpes, não tivéssemos que parar de comê-los e permitir que esfriassem.
Ao recebermos a salada, servida num prato de barro (valha-me Deus!) a mesma apresentava apenas dois tipos de alface, quase cortadas à Juliana, e, pasmem, na temperatura ambiente.
Não é concebível uma coisa assim de forma alguma, portanto, chamei o gerente para questioná-lo sobre este fato.
A resposta foi de que suas hortaliças não pegavam frio de geladeira, nem ficavam em água fria, daí serem servidas nesta temperatura.
Existe algo mais sem sentido do que comer salada na temperatura ambiente?
Quando estávamos quase no final das mesmas, eis que surgem os dois crêpes, e sem que pudéssemos expressar alguma reação, retiraram nossos pratos de salada, a qual não havíamos terminado, para servirem os mesmos.
Conforme dito no começo, a escuridão não permitia que visualizássemos o que nos estava sendo servido, porém, a faca e o garfo falaram por si mesmos, e nos mostraram uma massa dura e disforme que fica longe daquela crocante que é tão original dos crêpes bretões, e servida com um excesso de queijo de cabra, um monte de presunto cru morno e figos esfacelados.
O outro prato, com o pato, estava menos ruim à nível de paladar, mas, a massa do crêpe, com certeza, era de uma total falta de critério gastronômico.
Para terminar, diante dos relatos da nossa insatisfação que foram feitos ao gerente, este nos ofereceu um crêpe de banana, preparado com uma massa normal de panqueca, flambeado no rum, e que estava um pouco enjoativo.
Talvez os comentários postados neste blog servirão para orientar melhor todos aqueles que visitarem este local, pois se nunca visitaram a França, principalmente a Bretagne, pelo menos terão dados para avaliarem com mais convicção aquilo que lhes está sendo sevido.
Ora, Monsieur Caro, para poder cobrar "caro", é preciso servir com mais qualidade, requinte, boa louça, bom serviço, boa comida, e sobretudo usar dos mesmos critérios das creperies da Bretagne onde vale o ditado: O cliente tem sempre razão.
Infelizmente, pelo que vimos, o esquema do jeitinho brasileiro prevaleceu sobre os critérios do lema "La Noblesse Oblige", do ramo da gastronomia, no que se refere à maneira de como minimizar os custos e aumentar os lucros.
Pode ser que tudo isto tenha sido o resultado da sua ausência na cozinha nesta noite, e que tenhamos tido a infelicidade de ter escolhido esta data para conhecermos a casa, com direito a penumbra e sem a presença do maestro.