segunda-feira, 2 de maio de 2011

Le Blé Noir...A Bretagne esquecida!

Ontem a noite, mesmo sem a companhia do casal de amigos com quem saimos todos os sábados para jantar, resolvi ir conhecer a tal Creperie Le Blé Noir, em Copacabana.
Premiada, sempre cheia, fila de espera, artistas, etc, tudo isto poderia ser o indício de que teríamos ali uma boa refeição, o que infelizmente não aconteceu.
A conta, esta sim, fez juz a qualquer prêmio de indignação e sensação de ter jogado dinheiro fora, pois os preços dos crêpes ali servidos são realmente bem altos, ainda mais para uma realidade brasileira e diante do oferecimento de um serviço fraco e de uma comida sem expressão.
Meu acompanhante, sempre caladão, porém atento a tudo e a todos, e um bom gourmet, logo na entrada me comentou:
- Ei....Você consegue enxergar alguma coisa aqui dentro?
- Claro que não! Foi minha pronta resposta diante daquela escuridão total.
Era um salão pequeno, apertado, somente iluminado com a luz de cotocos de velas, e que me fez ter pensamentos terríveis no sentido de que aquilo poderia ser uma forma para, na verdade, encobrir alguma coisa que não deveria ser vista.
Afastei na mesma hora este sentimento preconceituoso, pois quaisquer conclusões só devemos tirá-las ao final, após a conta.
Decoração ou efeitos especiais são sempre bem-vindos, desde que promovam conforto para aqueles que o vão curtir, o que não acontece no Le Blé Noir.
Sentia-me muito incomodado por não conseguir definir as pessoas nas outras mesas, e mais ainda quando olhei para os guardanapos de papel e para os talheres colocados diretamente em cima da mesa, que se apresentava nua, sem uma toalha ou mesmo um mero jogo americano.
Logicamente que deverão ser vários os argumentos de desculpas para este ato um tanto quanto fora dos padrões de higiene, principalmente, por se  tratar de uma mesa bonita, com desenhos em forma de mosaico, trabalho em craquelê muito bem feito pela genitora de um dos sócios, e que certamente tem que estar aparente.
Tudo bem...concordo! As mesas têm que estar sem qualquer cobertura para que sejam vistas e apreciadas, mas, convenhamos que um belo e grande guardanapo de algodão, que envolvesse os talheres e que ficasse na lateral direita por sobre um prato pequenino, talvez compusesse a mise en place com mais elegância, mesmo sem ser da maneira ideal.
Tudo no Blé Noir faz você se sentir um ignorante em gastronomia, já que diante de qualquer comentário que se faça existem aquelas colocações ensaiadas que apontam para a sua incapacidade de julgamento dos famosos crêpes Bretões que são servidos ali,  feitos com o incomparável e legítimo trigo sarraceno.
Você não sabe o que é isto? Não posso acredidtar.
E a Bretagne, terra do Chef, no noroeste da França, sabe onde fica? Aposto que você nunca esteve lá!
Aliás, você já esteve na França?
Se você respondeu NÃO a algumas destas perguntas, coma e pronto, sem questionar!
Obvio que nada é dito desta forma, claro, mas para justificar qualquer desatenção, citam sempre a Bretagne e seus costumes como sendo exatamente o que se faz ali, então, somente quem já esteve nesta região é que poderá rebater qualquer resposta que não seja, digamos, exatamente a real expressão da verdade.
Além dos artistas e outras personalidades que frequentam o restaurante, também aparecem ali pessoas que conhecem um pouquinho deste segmento e que sabem avaliar todo o conjunto daquilo que lhes está sendo oferecido.
Este conjunto engloba de forma inconteste, fatores como o ambiente, a mise en place, o serviço, a higine do local, a carta de vinhos, o menu, os valores cobrados e, obviamente, a comida propriamente dita.
Na esperança de que teríamos uma bela refeição, comme il faut, pedimos um vinho Chateau Rocbonnière, 2008, da região de Bordeaux, que consideramos ter sido uma boa escolha.
Indo direto ao ponto nevrálgico do tema, sem mais delongas, eu e meu colega pedimos dois crêpes.
Um deles foi o Ouessant, que é considerado o carro chefe da casa, composto por figos caramelizados no vinho do Porto e baunilha, queijo de cabra Saint Maure (feito no Brasil, da maneira francesa, e de forma cilindrica), presunto cru italiano (nos disseram que era "tipo" de Parma?) e farofa de nozes.
O outro, denominado Benodet, era composto por fatias de pato defumado e champignon de Paris, numa redução de vinho do Porto, purê de maçã com um toque de baunilha e queijo Saint Paulin.
Ambos tinham como acompanhamento uma salada de folhas verdes temperada com um molho feito com mostarda Dijon, a qual pedimos que nos fosse servida como um primeiro prato, para que na chegada dos crêpes, não tivéssemos que parar de comê-los e permitir que esfriassem.
Ao recebermos a salada, servida num prato de barro (valha-me Deus!) a mesma apresentava apenas dois tipos de alface, quase cortadas à Juliana, e, pasmem, na temperatura ambiente.
Não é concebível uma coisa assim de forma alguma, portanto, chamei o gerente para questioná-lo sobre este fato.
A resposta foi de que suas hortaliças não pegavam frio de geladeira, nem ficavam em água fria, daí serem servidas nesta temperatura.
Existe algo mais sem sentido do que comer salada na temperatura ambiente?
Quando estávamos quase no final das mesmas, eis que surgem os dois crêpes, e sem que pudéssemos expressar alguma reação, retiraram nossos pratos de salada, a qual não havíamos terminado, para servirem os mesmos.
Conforme dito no começo, a escuridão não permitia que visualizássemos o que nos estava sendo servido, porém, a faca e o garfo falaram por si mesmos, e nos mostraram uma massa dura e disforme que fica longe daquela crocante que é tão original dos crêpes bretões, e servida com um excesso de queijo de cabra, um monte de presunto cru morno e figos esfacelados.
O outro prato, com o pato, estava menos ruim à nível de paladar, mas, a massa do crêpe, com certeza, era de uma total falta de critério gastronômico.
Para terminar, diante dos relatos da nossa insatisfação que foram feitos ao gerente, este nos ofereceu um crêpe de banana, preparado com uma massa normal de panqueca, flambeado no rum, e que estava um pouco enjoativo.
Talvez os comentários postados neste blog servirão para orientar melhor todos aqueles que visitarem este local, pois se nunca visitaram a França, principalmente a Bretagne, pelo menos terão dados para avaliarem com mais convicção aquilo que lhes está sendo sevido.
Ora, Monsieur Caro, para poder cobrar "caro", é preciso servir com mais qualidade, requinte, boa louça, bom serviço, boa comida, e sobretudo usar dos mesmos critérios das creperies da Bretagne onde vale o ditado: O cliente tem sempre razão.
Infelizmente, pelo que vimos, o esquema do jeitinho brasileiro prevaleceu sobre os critérios do lema "La Noblesse Oblige", do ramo da gastronomia, no que se refere à maneira de como minimizar os custos e aumentar os lucros.
Pode ser que tudo isto tenha sido o resultado da sua ausência na cozinha nesta noite, e que tenhamos tido a infelicidade de ter escolhido esta data para conhecermos a casa, com direito a penumbra e sem a presença do maestro.

11 comentários:

Anônimo disse...

Dá pra sentir muito ódio no seu coração, não sei porquê...

Jacques Graicer disse...

Prezado Anônimo,

Postei seu comentário pois acho que mesmo no anonimato ele é válido.
Da mesma forma para demonstrar que não tenho ódio algum no meu coração, pois apenas falei a verdade e toda verdade sobre como foi minha visita neste local.
Infelizmente, dentro do meu ponto de vista, esta casa não supri as qualificações que julgo serem mínimas e necessárias para ser qualificada como um bom restaurante, seja ele de que tamanho for.
Além do mais, os preços exorbitantes cobrados para vender crêpes é uma afronta ao bolso do consumidor, além de que um serviço medíocre e pobre, não é merecedor de ser incluído na conta acrescendo-a em 12%.
Qualquer um que quiser postar no meu blog de forma Anônima, que se sinta à vontade, porém, por trás desta forma covarde de se expressar, demonstra que a única opinião passível de ser aceita é a sua, independentemente de tudo o que está escrito no blog.
Desejo-lhe tudo de bom, sorte, sucesso, progresso, ou seja lá quais votos mais posso lhe fazer, porém, respeite minha condição de profissional deste segmento e a minha capacidade avaliativa daquilo que me é oferecido, ok?

Jacques Graicer disse...

Ahhhhhhh......
Espere, Sr. Anônimo, gostaria de lhe mostrar qual a diferença em se falar a verdade através de um blog honesto, e de se ter o tal ódio no coração.
O link abaixo com certeza elucida esta questão, daí, quem quiser que fale em ódio ou outros tipos de sentimento.

http://vejabrasil.abril.com.br/rio-de-janeiro/comidinhas/le-ble-noir-20397/2

José Amorin Barros disse...

Querido volte a sua antiga profissão de eletricista, pois como crítico culinário logo se ver como suas teorias, estão obsoletas.
Ainda vivendo no passádo das toalhas de mesa, atualize sua mente, pois como um cliente antigo desta casa que é uma verdadeiro paraiso gastronômico, não poderia eu deixar de expressar meu desconforto em ler tal absurdo.

Jacques Graicer disse...

Prezado José Amorim,
Primeiramente, muito obrigado por ter acessado meu blog e deixado sua opinião.
Agradeço também pelo seu tratamento amoroso ao me chamar de "querido", o que muito me deixou lisonjeado.
Agora, com referência ao seu conselho, acho que você não pode e nem deveria ousar fazê-lo, pois pelo que parece seu gosto e seus costumes devem estar num patamar muito inferior ao meu.
Toalhas, etc, fazem parte de uma elegância que jamais poderá deixar de existir num restaurante, além de que fazem parte de uma detalhe chamado higiene.
Se você considera este restaurante um paraíso gastronômico, defenda a sua opinião com explicações técnicas que a justifiquem, agora, se você não as possui, apenas diga que gosta de ir comer ali, e só.
Acho que antes de ter postado este seu comentário, você não se deu ao trabalho de pesquisar um pouco o embasamento que tenho dentro do segmento de Alimentos e Bebidas, para expressar uma opinião fundamentada em fatos que eu mesmo constatei.
Agora, como me sinto a vontade para também lhe dar um conselho, entre nos blogs, leia outros comentários na internet sobre este local que lhe é tão querido, e escreva para quem os postou sugerindo que mudem de idéia, ou, quem sabe, faça um convite, bancado por você, para que êles pisem de novo no solo bretão do Le Blé Noir.
Obrigado pela sua cooperação com o meu blog, mas, com certeza, até por não saber das suas aptidões como profissional de Alimentos e Bebidas, sou forçado a dispensar seus conselhos.

Denilson disse...

Quem diz que toalhas de mesa são obsoletas não merece realmente nenhuma atenção... já bastam os absurdos que certos restaurantes têm cometido com a desculpa de se tratar da proposta da casa, claro que isso sempre se refere a algo que gera alguma econômia.
Bom gosto é bom gosto, independente de qual período, cultura e etc.
Só lamento por aqueles que tentam fazer parecer normal que um restaurante não tenha toalhas.
Aliás, para quê copos, facas, garfos e etc? Não seria melhor comer com as mãos e beber no gargalo?
Tudo tem seu motivo de ser, o problema é que são poucos os que sabem realmente quais são estes valores.
Diante da consideração do prezado colega, de que este espaço seria um paraiso gastronômico, tenho medo de imaginar como seria o inferno.

Jose Amorim Barros disse...

Prezados,

Não sabia que meu comentário, traria tanto ódio, mais enfin voltando ao assunto de modernidade e toalhas velhas, logo vemos como estão desatualizados, pois geralmente toalhas não indicam que um restaurante e bom, muito menos que a falta desta implique que este seja ruin, mais como esperar que ogros entedam que uma mesa feita em mosaico e uma obra de arte, logo sendo uma obra de arte porque escoder e não deixar que seus clientes à apreciem e se deleitem com seu charme, realmente vocês alem de péssimos criticos,não teem nenhum senso para reconhecer uma boa arte. Apropósito um ambiente a luz de velas e intimista e aconchegante.
Pra não esquecer verifiquei todos os comentários sobre esta casa 90% são depessoas, que apreciam uma boa comida e um bom ambiete, por isso falam bem desta maravilha gastronômica que e Le Ble Noir, os outros 10% são pessoas acontumadas a frequentar botecos ou comer de graça para falar bem dos lugares,
enfim como avaliar comentários de pessoas sem paladar, sem cultura, sem apreço pelas coisas boas da vida.Pra finalizar inferno gastronomico deve ser os lugares que vocês frequentam, quando teêm que pagar e as maravilhas quando não teem que pagar.

Jacques Graicer disse...

Meu prezado leitor,

Bem se vê que você além de não saber ler, também não sabe escrever.
Nunca vi tantos erros de Português num só texto.
Caramba, será mesmo que eu terei que suportar ouvir tantas asneiras, principalmente oriundas de uma pessoa de nível cultural tão baixo?
Se você prestasse mais atenção ao teor do meu comentário, iria ver que eu até admito que as mesas fiquem com sua superfície aparente, sem toalhas, em função do belo trabalho de craquelê, em mosaico, que foi feito nelas, porém, que fosse usada uma mise-en-place que impedisse a falta de higiene ao colocarem talheres e os guardanapos de papel (você falou algo de botequim?) diretamente em cima das mesmas.
Vê-se que você deve ter alguma participação dentro do contexto do restaurante, para estar me escrevendo constantemente e, nitidamente, ardendo em ódio dentro do seu coração.
Me acusar de querer comer de graça só porque eu escrevo sobre restaurantes, é uma atitude covarde e ao mesmo tempo insensata, pois trata-se de uma acusação gravíssima.
Ainda bem que você está sob a proteção do anonimato, pois caso contrário, com certeza, eu iria convidá-lo para provar o que está afirmando, e isto de forma judicial.
Nunca pedi nada a ninguem, e sempre pago as minhas contas seja aonde for, graças a D's.
Escrevi que o Le Blé Noir é um restaurante onde se come mal e onde paga-se 12% por um serviço inexistente, porque é verdade!!!
Não havia sequer alguem para servir-me o vinho que escolhi, e tive que fazê-lo por minha conta, mesmo pagando pelo serviço.
A propósito, um ambiente à luz de velas, é realmente intimista e aconchegante, desde que a luz ambiente atenda ao MÌNIMO necessário para se ler um menu e, principalmente, ver aquilo que se está comendo, caso contrário, a sensação é de se estar dentro de um mausoléu.
Retiraram o meu prato de barro - "quel finesse" - onde serviram a salada com as folhas na temperatura ambiente (quel horreur), mesmo antes de eu ter terminado de comer, para poderem servir um crêpe que era tão grotesco e sem expressão, que fiquei até sem saber qual atitude tomar diante daquela visão dantesca.
Talvez eu tivesse que agir como certas pessoas que conheci, que se vangloriam publicamente de fazer escândalos dentro de restaurantes, porque sua comida teria vindo supostamente queimada, e isto Chez Chef Troigros, no Bistrô 66.
Tenho berço, educação e capacidade de avaliação apurada, portanto, escrevo a minha opinião sobre o que eu quiser e da maneira que eu bem entender.
Não tenho obrigação alguma de falar bem de ninguém, como da mesma maneira não falo mal se o que me foi servido era bom.
Leia todos os tópicos do meu blog e você verá quantos elogios constam nele, como da mesma maneira, as críticas verdadeiras vivenciadas por mim em companhia de outras pessoas.
Obviamente que um mero blogueiro como eu, não influenciará a grande e ilustre clientela deste local que equivocadamente chamam de restaurante ou paraíso gastronômico, mas, esteja certo de que protegerei meus amigos para que não passem pela mesma sensação de ter jogado dinheiro fora, e que ficou muito bem caracterizada na minha infeliz vista nesta tumba escura.
Acho ainda que o ogro nesta história toda é você e as pessoas que estão do seu lado, pois, na verdade, a sua leitura dos comentários da internet não conferem com a minha leitura, já que são muitos os comentários criticando a comida, o serviço e a educação das pessoas que estão à frente do negócio.
Determinadas comportamentos e regras que são aplicadas no solo bretão do Le Blé Noir, somente ficam impunes em solo brasileiro, pois, com certeza, na Europa, este lugar já estaria com as portas arriadas.
E para finalizar, peço a você a gentileza de não me escrever mais, pois, se você o fizer, independentemente do conteúdo do seu texto, simplesmente vou ignorar o e-mail ou o comentário e deletarei sem ler.
Seja um pouco mais cavalheiro e saia do casulo do anonimato, até porque eu sei quem você é.
Boa sorte, sucesso, e au revoir!

Madamefala disse...

Olá Jacques,

Prometi e estou a cumprir...sempre leio e sigo como te falei agora estou comentando porque também odeio quem não comenta.Para um blogueiro não tem nada mais " triste"...
Prefiro não entrar na acirrada conversa mas a questão da mesa sem toalha me fez rir te juro pelos motivos que já lhe expliquei até.
Vou dar uns " pitacos" de vez em quando por aqui..

abraços,

Eulália (sobrinha do Aurélio)

Jacques Graicer disse...

Eulália,

Obrigado pela deferência.
Fico feliz de tê-la como minha seguidora.
Esteja certa de que sempre irei postar comentários verdadeiros e que possam contribuir para que meus leitores tenham informações reais das coisas que me fizeram feliz e daquelas que não recomendo.

Abraços

Elaine Bittencourt disse...

Aaaaaahhhh!!! Você não gostou!!
Adoro o Le Blé Noir.
É realmente caro, mas os sabores são bem diferentes.
O restaurantes dele na Barra é bem mais amplo que o de Copa.

Ass: Elaine Bittencourt (a moça que almoçou hoje com vc no Boomerang)